Sandman Decolonial - O Corpo, os Sonhos e os Sambaquis
Sandman Decolonial - O Corpo, os Sonhos e os Sambaquis
O colonialismo não se limitou a conquistar terras e impor bandeiras. Ele colonizou o imaginário, domesticou o corpo e sequestrou até os sonhos e a espiritualidade. Impôs a lógica de que a vida terrena deveria ser de sacrifício, reserva de trabalho e obediência, enquanto a verdadeira recompensa estaria em um céu futuro. A palavra, a razão e o espírito foram colocados acima do corpo, transformando-o em mero instrumento.
O livro O Despertar de Tudo (Graeber & Wengrow, 2021) mostra como essa narrativa é falsa. A história não foi uma linha reta das “tribos primitivas” para os “Estados complexos”. Ao contrário, os povos originários experimentaram formas sociais múltiplas, criativas e democráticas. Nas Américas, muito antes da colonização, já havia sociedades que viviam espiritualidade, pertencimento e organização coletiva sem elites permanentes. Não eram mundos simples — eram mundos outros, apagados pela narrativa colonial para legitimar o presente.
É aqui que os Sambaquis de Joinville assumem importância existencial. Erguidos há mais de 10.000 anos, esses montes de conchas não são apenas depósitos funerários, mas monumentos de pertencimento. Testemunham povos que integravam corpo, espírito e território em uma continuidade viva. Nos sambaquis, a morte não era ruptura, mas parte de uma espiritualidade presente, sem promessa de céu futuro. Ali, a vida se fazia em comunhão com o território, no tempo da floresta e do mar, não no tempo acelerado do lucro.
Arqueólogas como Marília Gaspar (2004) e Villagrán et al. (2010) demonstram que os sambaquis revelam práticas sociais sofisticadas, onde ritual, arte e espiritualidade eram vividos no cotidiano. Autores como Clastres (1974) e Viveiros de Castro (2002) reforçam que as sociedades ameríndias não separavam corpo e espírito: não havia alma aprisionada à espera de libertação, mas corpos em relação constante com o cosmos.
Mas o Planeta 01 — os 0,1% mais ricos da população mundial — ainda insiste em manter viva a mesma lógica colonial. Oferecem um céu prometido aos 99,9%, enquanto constroem o seu céu privado na Terra: lucrando, desmatando e acumulando às custas da vida coletiva. O moralismo que pregam é instrumento de controle; a esperança futura é o véu que encobre a destruição presente.
Preservar museus como o Sambaqui de Joinville não é apenas tarefa arqueológica. É ato de resistência política e existencial. É relembrar que já vivemos mundos em que o corpo era sagrado, a espiritualidade acontecia no presente e a coletividade não dependia da desigualdade. É afirmar que a colonização dos sonhos não precisa ser eterna — que a vida pode ser de pertencimento agora.
Referências:
O Despertar de Tudo
Graeber, D., & Wengrow, D. (2021). The Dawn of Everything: A New History of Humanity.
Ribeiro, G. L. (2022). “O despertar de tudo: entre mundos possíveis e mundos roubados.” Revista de Antropologia.
Arqueologia dos Sambaquis
Gaspar, M. D. (2004). Os sambaquis do litoral brasileiro.
Villagrán, X. S., et al. (2010). “Arqueologia dos sambaquis: perspectivas recentes.” Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, USP.
DeBlasis, P., Fish, S. K., Gaspar, M. D., & Fish, P. R. (1998). Latin American Antiquity.
Kneip, A. (2017). “Arqueologia em Joinville e litoral norte de Santa Catarina.” Revista Memorare.
Antropologia e Decolonialidade
Clastres, P. (1974). La société contre l'État.
Viveiros de Castro, E. (2002). A inconstância da alma selvagem.
Fausto, C. (2019). Art effects: Image, agency, and ritual in Amazonia.
Pereira Jr., A. (2013–2023). Monismo de Triplo Aspecto.
Frase síntese:
“Os sambaquis de Joinville lembram que já fomos povos de espiritualidade no presente. Preservá-los é resistir ao Planeta 01 que nos promete o céu depois da morte, enquanto constrói seu paraíso privado com o desmatamento e o acúmulo.”
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