Jackson Cionek
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Depressão, tDCS e pré-frontal Reacendendo circuitos silenciosos

Depressão, tDCS e pré-frontal

Reacendendo circuitos silenciosos

(Consciência em Primeira Pessoa • Neurociência Decolonial • Brain Bee • O Sentir e Saber Taá)


O Sentir e Saber Taá

Há dias em que eu não sinto apenas tristeza.
Sinto um apagão silencioso por dentro:

  • como se o peito pesasse,

  • a cabeça ficasse enevoada,

  • decisões simples virassem montanhas,

  • e uma parte do meu cérebro tivesse apagado a luz atrás dos olhos.

Não é só “estar triste”.
É uma espécie de circuito pré-frontal em modo economia de energia, que me faz perder impulso, perspectiva, vontade.

Quando leio o estudo de F. Zamfirache e colegas, publicado em 2025 na revista Brain Sciences, com o título:

*“Frontal Transcranial Direct Current Stimulation in Moderate to Severe Depression: Clinical and Neurophysiological Findings from a Pilot Study”

eu sinto que eles estão olhando justamente para essa sensação de cérebro silencioso — e perguntando:

Se eu modular o córtex pré-frontal com tDCS, consigo reacender esses circuitos?


1. O que o estudo fez: estimular F3/F4 e ouvir o cérebro responder

O estudo trabalhou com 31 pessoas com depressão, de leve a severa.

Todas passaram por um protocolo padronizado de tDCS frontal usando um dispositivo clínico que aplica:

  • corrente de baixa intensidade (em torno de 2 mA),

  • com montagem bilateral F3/F4,

  • mirando especialmente a região da dorsolateral pré-frontal (DLPFC), área-chave na regulação de humor, motivação e controle cognitivo.

O protocolo teve:

  • uma fase ativa: 5 sessões por semana durante 3 semanas;

  • depois uma fase de fortalecimento: 2 sessões por semana.

Para medir efeito, os autores usaram:

  • a escala MADRS (Montgomery–Åsberg Depression Rating Scale) para sintomas;

  • QEEG (eletroencefalograma quantitativo) para ver o que acontecia na atividade frontal:

    • Frontal Alpha Asymmetry (FAA),

    • Beta Symmetry,

    • e especialmente a razão Theta/Alpha em F3 e F4.

Resultados principais:

  • Houve redução significativa dos sintomas depressivos após o tratamento.

  • O efeito foi muito mais forte em quem tinha depressão moderada a severa (resposta clínica em ~71%) do que em casos leves (~20%).

  • Nos marcadores de EEG, FAA e Beta Symmetry quase não mudaram,
    mas a razão Theta/Alpha em F4 caiu bastante nos casos moderados–severos — indicando maior ativação frontal associada à melhora clínica.

Em linguagem do corpo:

os circuitos estavam lentos e desorganizados;
a estimulação frontal ajudou a tirar o cérebro de um “modo de baixa ativação” e reacender a capacidade de agir.


2. Como o sinal foi analisado: tDCS, QEEG, FFT e índices frontais

Do ponto de vista técnico (Brain Bee / métodos):

  1. tDCS frontal (F3/F4)

    • Montagem bifrontal padrão, com eletrodos sobre F3 e F4, modulando a excitabilidade do córtex pré-frontal dorsolateral.

    • Várias sessões repetidas, algo essencial para produzir efeitos clínicos sustentados.

  2. QEEG e métricas espectrais

    • O EEG é transformado de sinal no tempo para espectro de frequências, usando métodos como FFT (Fast Fourier Transform).

    • A partir desse espectro, calculam-se índices como:

      • Frontal Alpha Asymmetry (FAA) – diferença de alfa entre hemisférios,

      • Theta/Alpha Ratio – quanta potência lenta (teta) em relação à alfa, indicador de ativação frontal.

  3. Interpretação dos índices

    • Em depressão, costuma-se ver mais alfa à esquerda (FAA) → menor ativação do lado esquerdo frontal.

    • A razão Theta/Alpha alta em F4 aponta para um pré-frontal mais lento, menos ativado.

    • Após o tDCS, especialmente em depressão moderada–severa, a razão Theta/Alpha em F4 diminui de modo significativo (Cohen’s d ≈ −0,72), sugerindo reorganização funcional e maior ativação cortical ligada à melhora clínica.

Em muitos pipelines modernos, além de FFT, ainda se usam:

  • ICA (Independent Component Analysis) para remover artefatos de piscar, tônus muscular e ruído,

  • técnicas multivariadas (incluindo PCA) para resumir padrões de mudança em vários canais.

Mesmo quando o artigo não descreve cada termo, essa é a linguagem técnica em que esses dados “respiram”.


3. Nossos conceitos: Mente Damasiana, Zona 3 e circuitos silenciosos

a) Mente Damasiana e “luz baixa” no pré-frontal

A depressão moderada–severa pode ser lida como um estado em que:

  • a interocepção (sensações internas) e

  • a propriocepção (posição, impulso para agir)

ficam presas num Eu Tensonal de exaustão:

Tudo parece longe, pesado, sem saída.

O estudo mostra, em termos elétricos:

  • um pré-frontal menos ativado (Theta/Alpha alterada),

  • que após tDCS recupera parte dessa capacidade de “ligar” e reorganizar ação.

É a Mente Damasiana tentando sair de um vale energético profundo.

b) Zona 3 como colonização do sentir

Aqui entra o ponto decolonial que precisamos explicitar.

O ser humano sente para saber (Taá).
Mas esse sentir vem cheio de vieses:

  • eu “sinto” que o Sol gira em torno da Terra;

  • “sinto” que a lua é maior no horizonte;

  • “sinto” que certas hierarquias sociais são naturais,
    porque fui treinado a senti-las assim desde criança.

A colonização faz exatamente isso:
instala normas e narrativas tão fortes que o Taá perde recurso para duvidar.
Em vez de questionar, eu passo a sentir o meu lugar como inferior — e a chamar isso de realidade.

Na América Latina, esse é um trauma profundo:

fomos ensinados a sentir quem nos colonizou como superior,
e a sentir a nós mesmos como “menos capazes”, “menos científicos”, “menos racionais”.

Essa captura do Taá empurra milhões de corpos para Zona 3:

  • rigidez,

  • ideologias fechadas,

  • autoimagem rebaixada,

  • depressão que não é só bioquímica, mas também política e histórica.

“Quando a colonização entra no meu sentir, ela não precisa mais de polícia: meu próprio corpo passa a vigiar meus sonhos. A Neurociência Decolonial não é mística nem metáfora; é a coragem de mostrar, com EEG, fNIRS e tDCS, que existem circuitos silenciosos porque alguém ensinou meu corpo a se sentir menor. Reacender o pré-frontal não é só tratar depressão: é abrir espaço para uma espiritualidade livre, uma política viva e uma ciência que ousa contradizer o colonizador dentro da nossa cabeça.”


4. Onde a ciência nos corrige

É tentador pensar em tDCS como um “botão mágico da felicidade”.
O estudo nos chama à sobriedade:

  • tDCS ajudou mais quem estava pior (moderado–severo),

  • não transformou FAA nem Beta Symmetry de forma clara,

  • mostrou um efeito específico em Theta/Alpha em F4, que pode ser um marcador útil, mas não absoluto.

Ou seja:

  • há melhora clínica real,

  • há sinal neurofisiológico coerente,

  • mas não é milagre, e sim plasticidade dirigida — com limites, variabilidade e necessidade de protocolos bem desenhados.

A ciência com evidência aqui corrige dois extremos:

  1. O ceticismo total (“tDCS não faz nada”).

  2. O entusiasmo mágico (“tDCS resolve tudo, sozinho”).


5. Implicações para saúde mental e políticas LATAM

1. SUS, rede pública e protocolos acessíveis

tDCS pré-frontal é:

  • relativamente barato,

  • não invasivo,

  • com efeitos colaterais leves.

Isso abre espaço para que sistemas públicos de saúde em países latino-americanos considerem:

  • protocolos combinando tDCS + psicoterapia + educação em Neurociência,

  • uso de EEG/QEEG simples (Theta/Alpha, FAA) como biomarcadores de acompanhamento.

2. Neurodireitos e regulação

Se podemos modular o pré-frontal:

  • precisamos de regras claras sobre quem pode aplicar,

  • como garantir consentimento real,

  • como evitar usos abusivos (por exemplo, para aumentar produtividade sem cuidar do sofrimento).

3. Pedagogia e prevenção

Compreender que depressão envolve:

  • circuitos silenciosos,

  • Taá capturado,

  • Zona 3 social,

nos empurra a criar:

  • escolas que não humilham,

  • cidades que não esmagam,

  • políticas que tratam a depressão como problema bio-psico-sócio-histórico.


6. Palavras-chave para busca científica

“Zamfirache 2025 Brain Sciences frontal tDCS moderate severe depression Theta/Alpha ratio F4 QEEG dorsolateral prefrontal cortex”


Assim, “Depressão, tDCS e pré-frontal” não é só sobre corrente elétrica no couro cabeludo.
É sobre como reabrir, com cuidado e evidência, espaços neurais que foram silenciosamente fechados por história, ideologia e cansaço — para que o Taá volte a sentir e saber com mais liberdade.





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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States