Ótimos Locais como Eus Tensionais - Formação, Restrição e Desenvolvimento
Ótimos Locais como Eus Tensionais - Formação, Restrição e Desenvolvimento
1. Eus Tensionais como ótimos locais com circuitos atencionais restritos
Cada Eu Tensional funciona como um ótimo local em um espaço cognitivo-dinâmico. Ele:
* Surge para atender uma demanda (emocional, física, social);
* Estabiliza uma rede atencional e sensório-motora;
* Cria um padrão sináptico (neurônios que disparam juntos... disparam juntos);
* Exclui informações que não servem à sua lógica funcional/metabólica.
Ou seja: atenção e percepção são filtradas pelo próprio Eu Tensional, reforçando-o. Isso é vantajoso para a execução automática de tarefas — mas prejudicial para a atualização crítica ou integração com outros Eus.
2. A Consolidação do Aprendizado acontece no Eu em funcionamento
* A neurociência mostra que a consolidação de memórias depende da co-ativação repetida de redes.
* Logo, o aprendizado se consolida dentro dos Eus tensionais ativos, com suas limitações sensoriais e afetivas.
* Se um Eu Tensional está ativo com baixa propriocepção e hiperalerta emocional, ele irá consolidar respostas de defesa, e não conhecimento crítico ou metacognitivo.
Aqui mora o perigo: um ótimo local pode virar uma prisão atencional.
O Surto como Colapso dos Eus e Regressão para o Conectoma Arcaico
No caso de surtos emocionais ou psicóticos, temos um colapso dos Eus Tensionais:
* O cérebro ativa circuitos arcaicos de sobrevivência: lutar, fugir, congelar ou replicar (ação sem crítica).
* O circuito do QSH (Quorum Sensing Humano) se desorganiza: a pessoa perde a referência social, mesmo que esteja rodeada de gente.
* A atenção fragmenta-se ou estreita-se: volta-se a estímulos corporais intensos, vozes internas ou memórias descontextualizadas.
* Novos aprendizados são inviáveis: o cérebro opera em redes automáticas de defesa, não em redes de fruição/aprendizado.
Em termos evolutivos, isso é como um algoritmo preso num ótimo local que entra em loop defensivo, sem espaço para mutação — a mutação aqui seria um risco metabólico intolerável.
Desenvolvimento saudável: Ótimos Locais que se expandem
1. Para que um Eu Tensional se desenvolva, ele precisa ser estimulado fora do pico onde está.
Ou seja:
* Precisa ser provocado com segurança (neuroceptiva e social),
* Ter acesso à novidade sem colapso do senso de identidade,
* Ter espaço para fruição com metacognição — onde pode observar a si sem ser ameaçado.
Isso exige que o sistema:
* Esteja em **Zona 2 metabólica (capaz de integrar novos estímulos),
* Tenha o suporte de outros Eus ou mentes acompanhantes (educadores, artistas, terapeutas).
2. Processos simbólicos (música, imaginação, narrativas) permitem mutações lentas dos Eus:
Eles funcionam como mutações controladas nos algoritmos evolutivos:
Não ameaçam diretamente o sistema de defesa, mas abrem novas possibilidades de ser, de agir, de perceber — novos picos no espaço do aprendizado.
Diagrama conceitual resumido (texto)
[Mente Damasiana]
|
[QSH + Propriocepção + Interocepção]
|
[Eu Tensional Ótimo Local]
| ↘
[Atenção Direcionada] [Memória Consolidada]
| |
[Alta performance funcional] [Baixa flexibilidade crítica]
↓
[Evento Traumático / Surto / Hiperestimulação]
↓
[Colapso do Eu Tensional] → [Ativação do Conectoma Arcaico]
|
[Luta, Fuga, Congelamento, Replicação]
↓
[Impossibilidade de Metacognição e Aprendizado]
Finalizando:
> "Cada Eu Tensional é um ótimo local no espaço da consciência — eficiente, mas parcial. Seu desenvolvimento exige segurança para mutar, atenção para integrar, e tempo para dissolver-se em uma consciência maior. O surto não é falha moral, é o colapso do processo evolutivo da própria mente frente ao intolerável."
*O que é Zona 2 Metabólica?
Zona 2 é um conceito da fisiologia do exercício, mas que aqui aplicamos também ao contexto neurocognitivo e emocional.
No corpo:
* É a faixa de intensidade em que o corpo utiliza predominantemente gordura como fonte de energia, com mínima produção de ácido lático.
* A respiração ainda é controlada e estável; o esforço é sustentável por horas.
* É onde a mitocôndria funciona de forma ideal, favorecendo oxigenação cerebral, equilíbrio energético e plasticidade neuronal.
No cérebro propomos:
* A Zona 2 Metabólica Neuroemocional é um estado de baixo estresse, alta oxigenação e controle atencional distribuído.
* Nela, Eus Tensionais podem funcionar sem sobrecarga, abrir-se a novas conexões, consolidar aprendizado e até mesmo observar a si mesmos (*fruição com metacognição*).
* É o ambiente ideal para que um ótimo local cognitivo (Eu Tensional) tenha espaço metabólico e perceptual para mutar e se desenvolver.
Fora da Zona 2: o risco do colapso
Quando estamos fora da Zona 2 — em estados de:
* Estresse tóxico,
* Estimulação constante por telas,
* Repressão emocional,
* Sobreposição de tarefas (multitarefa crônica),
... o cérebro ativa circuitos de defesa ou automatismos rápidos, o que:
* Impede a metacognição,
* Faz os Eus Tensionais cristalizarem-se como ótimos locais não adaptativos,
* E aumenta o risco de colapso ou surto, com regressão ao conectoma arcaico (lutar, fugir, congelar ou replicar).
Zona 2 como Solo Fértil da Transformação
A Zona 2 é, portanto, o ambiente fisiológico e simbólico necessário para:
* Amadurecimento do top-down pré-frontal,
* Integração de novas memórias com significado,
* Dissolução suave de Eus Tensionais ultrapassados,
* E emergência de estados superiores de consciência crítica, ética e estética.
Versão expandida da conclusão com o conceito:
> "Cada Eu Tensional é um ótimo local no espaço da consciência — eficiente, mas parcial. Seu desenvolvimento exige segurança para mutar, atenção para integrar, e tempo para dissolver-se em uma consciência maior. A Zona 2 metabólica é o terreno fisiológico dessa transformação: quando o corpo respira em paz, o cérebro pode aprender sem medo. O surto não é falha moral, é o colapso do processo evolutivo da própria mente frente ao intolerável."