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Para entendermos como se encontra a mulher na ciência atualmente, vamos voltar “algumas casas” e ver como começou nossa trajetória científica. Neste blog vamos abordar sobre as o contexto histórico das cientistas precursoras e tentar traçar um raciocínio baseado nessa breve linha temporal, que nos permita uma conscientização do ser mulher cientista.

Suposta ilustração de Merite Pta no Egito Antigo. Fonte:  University of Colorado Anschutz Medical Campus

 

Para começarmos essa história, na ilustração acima temos o que seria uma representação de Merite Ptá, no Antigo Egito, como  registro mais antigo de uma mulher cientista (2.700 a.C.). Sendo válido ressaltar nossa invisibilidade, que não é só atual, como histórica, cultural e estrutural. Apresentando um número significativo de mulheres ignoradas pelas histórias convencionais da ciência, ou que tiveram seus trabalhos creditados a outras pessoas ou classificados como não-ciência.

Somente na história mais recente, na década de 70 e 80, com os movimentos feministas problemas teóricos, epistemológicos e políticos; as críticas sobre a participação feminina na produção científica e como tema de estudos começaram a ser levantados e questionados e perduram até hoje.  Na época, esses embates sobre ciência e gênero se dividiu em duas grandes linhas: de um lado, mulher e ciência, reunindo esforços de pesquisa voltados para estudar a participação, a contribuição e o status das mulheres nas profissões e carreiras científicas; de outro, gênero e ciência, estudos voltados à análise das implicações de gênero para a, e na, produção das ciências. 

A partir dessa intensa e necessária abordagem surgida, inicia-se a participação mais ativa das mulheres na ciência, tanto produzindo como sendo o conteúdo discutido nos estudos. Assim, surgem novos levantamentos: Poderiam os estudos sobre a vida e o trabalho das mulheres revelar aspectos de gênero presentes no conteúdo e nos métodos adotados pelas ciências? Diferenças localizadas no cérebro ou provocadas por hormônios limitariam a aptidão das mulheres para atividades científicas? 

Ainda mais: As características culturais especificamente femininas favoreceriam as mulheres no exercício da atividade científica? Seria necessário preparar e educar as meninas para facilitar seu acesso a essas atividades? A entrada massiva de mulheres na ciência contribuiria para a superação de “vieses androcêntricos” contidos na prática científica? Existiria um estilo feminino (ou feminista) de fazer ciência? Até que ponto as mulheres desenvolvem e seguem abordagens não padronizadas, ou são inovadoras na metodologia que utilizam? Seria possível falar em “ciência feminista”?

Com esses questionamentos, veio a necessidade de unir o Feminismo com Ciência, de todas as áreas de pesquisa, para ajudar a respondê-los de uma forma completa e científica. Surgem então, dentro dessa rede  e além de outras, as Neurofeministas; que procuram examinar criticamente a produção de conhecimento neurocientífico e combater o que chamam de Neurossexismo, isto é, estereótipos em relação à masculinidade e feminilidade que estariam presentes em grande parte da produção neurocientífica, bem como em sua divulgação para o público mais amplo. 

Baseado nesses pontos levantados, concluo que nossa luta não é de agora e que muitas das lutas que temos atualmente, como acreditação e a busca pela igualdade, já vem sendo trabalhadas, discutidas e amenizadas com o tempo. Devemos olhar para o nosso passado e nos orgulhar das conquistas até agora adquiridas e animar para continuar as conquistas que ainda faltam. Nada melhor que mulheres lutarem ao lado mulheres e por mulheres. 

 

Referências

 

CARVALHO, Marilia Sá; COELI, Claudia Medina; LIMA, Luciana Dias de. Mulheres no mundo da ciência e da publicação científica. 2018.

 

CITELI, Maria Teresa et al. Mulheres nas ciências: mapeando campos de estudo. cadernos pagu, 2015.

 

BOLZANI, Vanderlan da Silva. Mulheres na ciência: por que ainda somos tão poucas?. Ciência e cultura, v. 69, n. 4, p. 56-59, 2017.

 

GROSSI, Márcia Gorett Ribeiro et al. As mulheres praticando ciência no Brasil. Revista Estudos Feministas, v. 24, n. 1, p. 11-30, 2016.

 

KWIECINSKI, Jakub M. Merit Ptah,“The First Woman Physician”: Crafting of a Feminist History with an Ancient Egyptian Setting. Journal of the History of Medicine and Allied Sciences, v. 75, n. 1, p. 83-106, 2020.

 

NUCCI, Marina Fisher. Crítica feminista à ciência: das “feministas biólogas” ao caso das “neurofeministas”. Revista Estudos Feministas, v. 26, n. 1, 2018.

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Autor:

Beatriz Carvalho Frota