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No Brasil, por muito tempo as concepções da loucura na história humana e os tratamentos oferecidos aos indivíduos acometidos por alguma psicopatologia, foi motivo de exclusão desses pacientes, comumente taxados como loucos e perigosos para a convivência em sociedade. Isso tudo representou um mecanismo de apresamento, comumente observado nos “manicômios/sanatórios”, como eram assim chamados os hospitais psiquiátricos (usados como asilos para esses pacientes).
O tratamento que era despendido sobre aqueles indivíduos feria e negligenciava suas histórias de vida e a condição humana.
Mas na década de 50, a psiquiatra Nise da Silveira foi a figura de crucial atuação na mudança de pensamento e nos tratamentos oferecidos aos doentes mentais, tornando-se uma pioneira da reforma psiquiátrica brasileira.
Nise era contrária aos tratamentos convencionais da época para o tratamento de esquizofrenia (choques elétricos), sendo constantemente ignorada pelos outros médicos da sua equipe. Ao assumir um setor de terapia ocupacional, teve condições de iniciar uma nova abordagem de tratamento para os seus pacientes: através do seu amor pela arte.
A médica conseguiu promover uma verdadeira revolução na forma avaliação e no tratamento dos pacientes com desordens mentais que chegavam ao seu setor. Ela foi pioneira na introdução da arte terapia como processo terapêutico da esquizofrenia e isso permitiu que os pacientes passassem a manifestar as suas emoções e experiências inconscientes através das suas produções.
Nise da Silveira lutou pelo seu lugar, um lugar valorizasse o pensamento feminino destinado a uma obra, no qual a sua função enquanto terapeuta era se aproximar, não da parte da medicina “hospitalocêntrica” diante da esquizofrenia, mas representando uma figura atenta e responsável pela vitalidade da criação e liberdade de expressão dos seus pacientes pela arte.
FRAYZE-PEREIRA, João A. Nise da Silveira: imagens do inconsciente entre psicologia, arte e política. Estudos avançados, v. 17, n. 49, p. 197-208, 2003.
SILVEIRA, N. "Dyonysos – um comentário psicológico". Quaternio, Rio de Janeiro, Grupo de Estudos C. G. Jung, 1973.