Neurociência e compulsão por sexo
Neurociência e compulsão por sexo
A atividade sexual é essencial para a sobrevivência individual, assim como comer, dormir, etc. O problema é que algumas pessoas desenvolvem compulsões em cima dessa atividade “normal”, e, com isso, a prática passa a ser patológica. As compulsões sejam comportamentais ou químicas, envolvem processos e neurocircuitos semelhantes. Que tal falarmos um pouco sobre isso?
No manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), contém o diagnóstico de Transtorno Hipersexual, que inclui o uso problemático e compulsivo de sexo. O Transtorno hipersexual é um diagnóstico para pessoas que fazem a prática de sexo ou pensam em sexo por meio de fantasias e desejos mais do que o normativo. Esses indivíduos podem se envolver em atividades como masturbação excessiva, pornografia, sexo com vários parceiros, entre outros. Como resultado, essas pessoas podem sentir angústia em outras áreas da vida, incluindo relacionamentos e trabalho.
As compulsões criam, além de alterações químicas no cérebro, alterações anatômicas e patológicas que resultam em várias manifestações de disfunção cerebral, e, muitas vezes, na inibição e a diminuição do tamanho / atividade dos lobos frontais (hipofrontalidade). Essa condição está associada a uma perda de capacidade de controlar impulsos provenientes do sistema límbico do cérebro e pode ser encontrada em vícios de drogas, alimentos e sexo.
Além disso, existem muitos “preconceitos” em cima do sexo, como também uma cultura machista que ainda permeia nossa sociedade (tendo em vista que a maioria desses transtornos são encontrados em homens) e grandes dificuldades em discutir esse assunto. Somado a isso, a receita mundial proveniente da indústria de sexo (pornografia) passa de bilhões de dólares (mais do que Microsoft, Google, Amazon, eBay, Yahoo, Apple e Netflix juntas), com isso, existe uma tendência a banalizar os possíveis efeitos sociais e biológicos da pornografia.
Sendo assim, proponho que assim como consideramos o vício na alimentação como tendo uma base biológica, sem sobreposição moral, é hora de olharmos para a pornografia e outras formas de compulsão sexual com a mesma perspectiva objetiva. Atualmente, com as pressões sociais e a mudança do panorama global incentivam o uso de exames da medicina em geral e das especialidades da neurociência clínica para diagnosticar precocemente ou tratar de forma eficaz essa disfunção.
Além disso, estudos usando EEG, observaram uma maior amplitude do P300 em imagens sexuais (quando comparadas a imagens neutras) entre indivíduos auto-identificados como tendo problemas com o controle de impulsos sexuais, forcendo provavelmente como uma fonte diagnóstica promissora. Falando em EEG, você sabia que temos esse produto em nossa plataforma? clique aqui e confira!
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5®). American Psychiatric Pub, 2013.
HILTON, Donald L.; WATTS, Clark. Pornography Addiction: A Neuroscience Perspective (2011). Dostupné na: http://yourbrainonporn. com/book/export/html/368. Citované, v. 26, n. 5, 2016.
KOWALEWSKA, Ewelina et al. Neurocognitive mechanisms in compulsive sexual behavior disorder. Current Sexual Health Reports, v. 10, n. 4, p. 255-264, 2018.
TRÄNKNER, Dimitri et al. A microglia sublineage protects from sex-linked anxiety symptoms and obsessive compulsion. Cell reports, v. 29, n. 4, p. 791-799. e3, 2019.