O debate sobre a natureza humana, se somos intrinsecamente egoístas e predispostos à maldade ou se somos intrinsecamente bondosos e cooperativos, é um tema complexo e que tem sido discutido ao longo da história por diversos pensadores, cientistas e filósofos. Nesse contexto, surge a definição de “Homem social”,que  é aquele que reconhece a importância da colaboração e do cuidado mútuo na sociedade. Entretanto o debate é mais complexo, e aqui vamos discutir um pouco por meio de visões científicas e filosóficas esses tipos de comportamentos possivelmente inatos do ser humano. 

     Segundo o historiador antropologista Rutger Bregman, precursor do conceito de “homem social” , acredita-se que a natureza humana é essencialmente boa e que, quando dadas as condições adequadas, as pessoas são naturalmente inclinadas a ajudar umas às outras. Para Bregman, o individualismo e a competição desenfreada são construções sociais que vão contra nossa verdadeira natureza. Ele argumenta que, ao invés de nos concentrarmos apenas em nossos interesses pessoais, devemos nos preocupar com o bem-estar de todos e buscar formas de promover a igualdade e a solidariedade. Ao nos unirmos em prol de um objetivo comum, podemos criar uma sociedade mais justa e solidária para todos os seus membros e aproveitarão consequentemente de um meio mais vantajoso para sobreviver. Alguns estudos de antropologia recentes têm apontado para a ideia de que o ser humano possui uma tendência natural para a cooperação e a bondade, relacionando o fato de que ao longo da história  a humanidade tem progredido em direção a sociedades mais pacíficas e colaborativas, demonstrando que a natureza humana não é exclusivamente egoísta e violenta. Além disso, pesquisas na área da psicologia evolutiva têm mostrado que a empatia, a cooperação e a solidariedade são características inerentes aos seres humanos.
 
Por outro lado, há teorias que defendem a ideia de que a natureza humana é predominantemente egoísta e que a maldade é uma característica inerente ao ser humano. Alguns filósofos argumentam que, sem um controle externo, os seres humanos agiriam de forma egoísta e violenta, em um estado de guerra de todos contra todos.  Alguns pesquisadores argumentam que a violência e comportamento antissociais (como falta de empatia) é um comportamento inato, que está enraizado na natureza humana. Eles apontam para evidências de comportamento agressivo em outras espécies, bem como para estudos que sugerem que certas características genéticas podem estar associadas a comportamentos violentos. Além disso, fatores biológicos, como desequilíbrios químicos no cérebro, também podem influenciar comportamentos agressivos e antissociais. No entanto, é importante ressaltar que a visão de que o ser humano é intrinsecamente egoísta e predisposto à maldade tem sido questionada por diversos estudiosos e pesquisas recentes que apontam para a importância da cooperação, empatia e solidariedade na evolução e sobrevivência da espécie humana.
 
     Entretanto, é importante ressaltar que o comportamento humano pode ser influenciado pelo contexto social, cultural e ambiental em que os indivíduos estão inseridos. Fatores como normas sociais, valores culturais e estruturas institucionais podem moldar as interações humanas e influenciar as escolhas individuais. Além disso, é importante notar que a natureza humana é complexa e variada, e as pessoas podem apresentar uma ampla gama de comportamentos, que podem incluir tanto atos altruístas quanto egoístas. Fatores como personalidade, experiências de vida e contexto social podem influenciar a forma como os indivíduos se comportam em determinadas situações.
 
     Em resumo, a questão sobre se o ser humano é intrinsecamente egoísta e predisposto à maldade ou se é intrinsecamente bondoso e cooperativo é um tema complexo e multifacetado, que envolve diferentes perspectivas e interpretações. A natureza humana é um campo de estudo em constante evolução e debate, e as conclusões sobre essa questão podem variar de acordo com as diferentes abordagens teóricas e evidências empíricas disponíveis. Novos trabalhos associados com o comportamento humano relacionado com conceitos filosóficos, antropológicos e neurocientíficos são necessários para um maior esclarecimento.

 
Buss, D. M. (2017). The evolution of human aggression. In Handbook of evolutionary psychology (pp. 1-20).

Ferguson, C. J. (2015). Does media violence predict societal violence? It depends on what you look at and when. Journal of Communication, 65(1), E1-E22.

 John Wiley & SonsBeaver, K. M., & Wright, J. P. (2011). The association between psychopathic personality traits and criminal justice outcomes: A meta-analytic review. Journal of Criminal Justice, 39(1), 28-45.

Batson, C. D. (1991). The Altruism Question: Toward a Social-Psychological Answer. Lawrence Erlbaum Associates.

Fehr, E., & Fischbacher, U. (2003). The nature of human altruism. Nature, 425(6960), 785-791.

Eisenberg, N., & Miller, P. A. (1987). The relation of empathy to prosocial and related behaviors. Psychological Bulletin, 101(1), 91-119.
Tomasello, M. (2009). Why We Cooperate. MIT Press.

Decety, J., & Jackson, P. L. (2004). The functional architecture of human empathy. Behavioral and Cognitive Neuroscience Reviews, 3(2), 71-100.

Moffitt, T. E. (2005). The new look of behavioral genetics in developmental psychopathology: Gene-environment interplay in antisocial behaviors. Psychological Bulletin, 131(4), 533-554.

Rhee, S. H., & Waldman, I. D. (2002). Genetic and environmental influences on antisocial behavior: A meta-analysis of twin and adoption studies. Psychological Bulletin, 128(3), 490-529.

Caspi, A., McClay, J., Moffitt, T. E., Mill, J., Martin, J., Craig, I. W., ... & Poulton, R. (2002). Role of genotype in the cycle of violence in maltreated children. Science, 297(5582), 851-854.
 
* This is a social networking platform where blogs are made by customers and researchers.
* The content published here is the exclusive responsibility of the authors.


Autor:

Rodrigo Oliveira

#emotion-craving #brain-states #brain #brain-states #brain-research