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Neste blog introdutório, vamos tratar de conceitos importantes que nos ajudam a entender a união de duas áreas diferentes em prol de uma mesma causa. Seria possível unir a ciência e o feminismo? É necessário a ciência estar dentro do feminismo? Como o feminismo pode contribuir com a ciência?

Vamos, primeiramente, entender que a definição de Ciência seria o conhecimento aprofundado de algo e que Feminismo seria um movimento político, social, ideológico e filosófico que visa os direitos iguais, o empoderamento feminino e a libertação de padrões patriarcais, baseados em normas de gênero. Onde tudo isso se junta e se faz necessário? No blog sobre a retrospectiva histórica da mulher na ciência, citei o quão importante foi a influência do crescimento do movimento feminista nas décadas de 70 e 80 para impulsionar mulheres a conquistarem espaços, não sendo diferente dentro da Ciência.


Isabelle Dussauge (à esquerda) e Anelis Kaiser (à direita). Fonte: Reprodução da internet.

 

Para começar, trouxe fotos das pesquisadoras Isabelle Dussauge e Anelis Kaiser, fundadoras do The NeuroGenderings Network, que unem Ciência e Feminismo. Se trata de um grupo transdisciplinar internacional de pesquisadoras em Neurociência e estudos de gênero. Os membros dessa rede estudam como as complexidades das normas sociais, experiências variadas de vida, detalhes das condições laboratoriais e biologia interagem para afetar os resultados de pesquisas neurocientíficas, elaborando abordagens (teóricas e empíricas) inovadoras para questões de sexo/gênero e sexualidade para neurocientistas.

A necessidade dessa abordagem se dá a partir de estudos que contem o que chamam de Neurosexismo, ou  seja,  estereótipos sobre  masculinidade  e  feminilidade,  que  estariam  presentes em  pesquisas  que  buscam por  diferenças  cerebrais  entre  homens  e  mulheres, e  em  sua  ampla  divulgação  para  o público geral pela mídia.

Assim, em  março de 2010, a  NeuroGenderings surgiu no Centro de Pesquisa de Gênero da Universidade de Uppsala, onde Isabelle e Anelis lançaram a primeira conferência internacional e transdisciplinar para disponibilizar uma plataforma de intercâmbio entre pesquisadoras de Neurofeminismo. Acadêmicas da Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália representam uma ampla variedade de disciplinas, como neurociência, ciências humanas, estudos sociais e culturais, estudos de gênero, estudos feministas de ciências e estudos de ciência e tecnologia. 

Todos elas pesquisam uma variedade de questões no campo do gênero e do cérebro, avaliam o estado atual dos métodos neurocientíficos, descobertas, representações e interpretações da pesquisa empírica do cérebro (Neurofeminismo), iniciam o diálogo através de fronteiras disciplinares e desenvolvem abordagens detalhadas e enriquecidas para as próprias análises neurocientíficas (Neurociência Feminista). 

Além disso, tentam desenvolver conceitos para debates mais reflexivos na educação e em todas as esferas sociais (com Neuropedagogias). A rede cresceu após sua segunda conferência, intitulada “NeuroCultures - NeuroGenderings II”, onde discutiram os impactos da pesquisa neurocientífica nas construções de gênero nas áreas sócio-políticas e culturais e - vice-versa - analisou os fundamentos sociais e políticos da cerebralização em curso da vida humana. 

Diante disso, aqui fechamos esse primeiro blog sobre Ciência e Feminismo. Nos próximos blogs vou abordar outros temas dentro desse, como a exemplo falar um pouco mais sobre o Neurofeminismo. Destaco a importância desses movimentos, grupos e conferências como medidas para diminuir a desigualdade de gênero que ainda é tão presente na nossa realidade, incluindo dentro da comunidade científica.

 

Referências

 

NUCCI, Marina Fisher. Crítica feminista à ciência: das “feministas biólogas” ao caso das “neurofeministas”. Revista Estudos Feministas, v. 26, n. 1, 2018.

 

NUCCI, Marina Fisher. “Não chore, pesquise!”–Reflexões sobre sexo, gênero e ciência a partir do neurofeminismo. Anais da ReACT-Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia, v. 2, n. 2, 2015.

 

 

NUCCI, Marina Fisher. Neurocientistas feministas e o debate sobre o “sexo cerebral”: um estudo sobre ciência e sexo/gênero. Em Construção: arquivos de epistemologia histórica e estudos de ciência, n. 5, 2019.

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Autor:

Beatriz Carvalho Frota