?>

Muitas pessoas recomendam que ficar muito tempo no celular, ou no computador em redes sociais não faz bem para a saúde, e principalmente, não faz bem para crianças e adolescentes. As famosas frases: “porque na minha época...criança tinha que brincar na rua” ou “eu, quando tinha a sua idade... brincava de...” são comumente ditas por nossos pais e avós. Entretanto, quanto dessas recomendações são reais ou somente receios por conta de serem coisas que nossos pais e avós não tinham acesso quando eram crianças e adolescentes e gostariam que tivéssemos o mesmo tipo de vivência que eles tiveram? O quanto desses disso é somente receio e ditos sem embasamento científico ou o quanto dessa preocupação é real?

Há sim, alguns trabalhos científicos demonstrando associação de problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, especialmente em adolescentes. Segundo um novo estudo realizado no Reino Unido, pesquisadores encontraram evidências associando sintomas depressivos ao uso de redes sociais, principalmente em meninas. Nesse estudo, feito com mais de 10 mil adolescentes acompanhados ao longo de anos, foram levantadas evidências indicando que as meninas estão mais sujeitas a apresentar sintomas depressivos relacionados ao uso de redes sociais em comparação com os meninos. De acordo com esse estudo publicado no periódico EClinical Medicine, a explicação para isso pode estar relacionada com a forma como o sexo feminino utiliza as redes sociais. As garotas teriam a tendência a usar mais mídias sociais baseadas na aparência física, como Snapchat e Instagram, tirando fotos e comentando. Outro ponto destacado pela pesquisa é o fato de que as meninas passam mais tempo conectadas que os e meninos. Surge assim uma questão a ser respondida, se o uso excessivo pode gerar o problema mental, ou se os adolescentes que usam excessivamente já teriam previamente os problemas mentais e por isso usam muito as redes sociais. Mesmo com esse estudo a longo prazo, eles não conseguiram determinar o que é cause de que.

Os sintomas de depressão foram mais encontrados nas participantes da pesquisa que ficaram mais de 5 horas por dia nas redes sociais (50% entre as meninas e 36% entre os meninos). De qualquer forma, uma menor porcentagem dos adolescentes que passavam de 3 a 5 horas nas redes sociais também apresentaram sintomas depressivos. Assim, estar online nas redes sociais com maior frequência pode tornar mais provável o surgimento de depressão. E isso pode ser visto principalmente em meninas, pois, de base, as meninas são mais propensas a desenvolverem transtornos mentais após a puberdade. Há, portanto, que criar alternativas ao uso excessivo das redes sociais, principalmente por meninas.

O motivo pelo qual são maiores as chances de as meninas em comparação a meninos adolescentes desenvolverem transtornos mentais ainda não está clara. Há alguns pontos que merecem atenção no que diz respeito às diferenças entre meninos e meninas no geral com o uso da internet. Meninas tendem a passarem mais tempo nas redes sociais associas a atividades de imagem corporal e autoestima (o que pensam e como acham que os outros a veem fisicamente), e ainda podem sofrer mais com o cyberbullyng. Alternativas para evitar esse tipo de pressão sobre as meninas deve ser mais trabalhado. Participação em outros grupos de atividades, não associadas a aparência física, seria uma alternativa. Como a prática de esportes, clubes de livro, corrida, enfim, grupos que valorizem outras habilidades das adolescentes; na tentativa de diminuir a importância da aparência física como foco para reconhecimento na sociedade.

 

Kelly Y, Zilanawala A, Booker C, Sacker A. Social Media Use and Adolescent Mental Health: Findings From the UK Millennium Cohort Study. EClinicalMedicine [Internet]. 2018;6:59–68. Available from: https://doi.org/10.1016/j.eclinm.2018.12.005

* This is a social networking platform where blogs are made by customers and researchers.
* The content published here is the exclusive responsibility of the authors.


Autor: Clarissa Cavarsan
#body