Sayonara Pereira da Silva
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A Dor do Coração Partido

Você sabia que uma decepção amorosa ou um término de um relacionamento pode afetar a neurobiologia do seu cérebro?
 
De acordo com a revisão bibliográfica desenvolvida por Van der Watt e colaboradores (2021), a ligação entre dois adultos em um relacionamento que envolva rejeição, separação e perdas pode modificar as ativações e inibições em regiões corticais e subcorticais do encéfalo humano.
 
Com o objetivo de elucidar com maior clareza como as experiências amorosas nos relacionamentos podem afetar o comportamento, a revisão analisou imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) de voluntários que foram submetidos a estímulos visuais e verbais de situações vivenciadas dentro de seus relacionamentos, como comportamentos abusivos, perda de afeição e agressões verbais.
 
Flanagan (2019) desenvolveu estudo parecido, utilizando vinte casais, ao total 40 indivíduos que apresentavam conflitos conjugais. No experimento, eles responderam questionários com o objetivo de medir o grau de violência ou agressividade entre os componentes da relação e, posteriormente, gravaram áudios de três minutos relatando os principais motivos de conflitos entre eles. De posse dessas informações, os pesquisadores desenvolveram áudios cuja temática estava relacionada aos principais temas conflitantes entre as duplas, para serem reproduzidos durante a sessão de fMRI. Posteriormente, cada indivíduo foi submetido a fMRI para que sua atividade cerebral fosse medida enquanto ouviam os áudios desenvolvidos pelos neurocientistas. O procedimento foi realizado com o uso de 32 canais e através da obtenção de 36 fatias de imagens em alta resolução.
 
Após a coleta e análise dessas imagens, foi percebido que há, em ambos os sexos, um grande recrutamento de áreas cerebrais distantes, como córtex temporal lateral, tálamo e o lobo frontal. Além disso, foi percebido que as conexões femininas ao ouvir as situações conflituosas estabelecem mais ligações entre a amídala e o córtex pré-frontal, enquanto entre os homens essas ligações são mais significativas no Córtex Orbitofrontal.
 
Diante disso, é possível inferir que as experiências traumáticas durante as relações podem modular a bioquímica cerebral, sendo capazes de alterar a conectividade entre as regiões do encéfalo, o que pode levar ao desenvolvimento exagerado de sensações que levam ao vício, depressão ou mania.
 
Equipamentos como fMRI são fundamentais para desenvolver estudos que investiguem a atividade cerebral. Nesse caso, a aplicação do equipamento permitiu apontar que a “dor do coração partido” pode até ser invisível aos olhos, mas é mais palpável do que se imagina quando percebida numa perspectiva neurobiológica.
 
Referências

Flanagan, J. C., Yonce, S., Calhoun, C. D., Back, S. E., Brady, K. T., & Joseph, J. E. (2019). Preliminary development of a neuroimaging paradigm to examine neural correlates of relationship conflict. Psychiatry Research: Neuroimaging. https://doi.org/10.1016/j.pscychresns.2018.12.009.
 
van der Watt, A., Spies, G., Roos, A., Lesch, E., & Seedat, S. (2021). Functional Neuroimaging of Adult-to-Adult Romantic Attachment Separation, Rejection, and Loss: A Systematic Review. Journal of clinical psychology in medical settings28(3), 637–648. https://doi.org/10.1007/s10880-020-09757-x.
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Jackson Cionek

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